Gilvania do Monte
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Pesquisa científica
O conceito de se fazer pesquisa científica é erroneamente relacionado a algo que só os grandes cientistas podem fazer, como por exemplo Einstein ou Sthepen Hawking.  Os métodos científicos também podem ser aplicados por pessoas comuns.  Como afirma Bagno (1998), é possível a qualquer pessoa fazer um tipo de pesquisa, até mesmo no seu dia-a-dia.
Segundo Assis (Plataforma Moodle), existem três níveis de pesquisa científica, de acordo com o objetivo: a pesquisa exploratória, a pesquisa descritiva e a pesquisa explicativa.
A pesquisa exploratória se caracteriza basicamente por envolver levantamento bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas e estudos de caso.  Nesta pesquisa é utilizado o método histórico, uma vez que o pesquisador investiga os acontecimentos do passado e suas transformações num dado período de tempo.  Já a pesquisa descritiva se caracteriza por coletar dados, analisá-los, classificá-los, utilizando-se de observação sistemática e imparcial e questionários.  Neste tipo de pesquisa é utilizado o método etnográfico, onde a observação dos acontecimentos é feita in loco, com os seus agentes em interação.  Por fim, a pesquisa explicativa vai buscar as causas de determinado fenômeno, analisá-los e identificá-los, controlar e manipular as variáveis envolvidas, utilizando o método experimental, que é o método no qual o pesquisador vai controlar e influenciar as variáveis encontradas, observando os resultados.
Analisando os três tipos de pesquisa, a fim de que não se torne um assunto maçante e nem mais um elemento de “decoreba” imposto aos estudantes, alunos da disciplina de Metodologia do Trabalho Científico têm, agora, um bom motivo para comemorar.  Uma ótima recomendação é assistir a filmes cinematográficos que ilustrem os tipos de pesquisas científicas que podem ser feitas a fim de ajudar a desconstruir conceitos errôneos sobre ciência e esclarecer os seus métodos.  Filmes como Colcha de Retalhos, Baile Perfumado, O Óleo de Lorenzo e Cidade sem Passado ajudam nessa desconstrução e numa melhor assimilação dos conteúdos propostos.
O primeiro filme relata a história de Finn (Winona Ryder), uma garota que tem dúvidas sobre se quer se casar ou finalizar a sua tese, que vai à casa de sua tia-avó passar o verão.  Ali, as mulheres de sua família decidem confeccionar uma colcha de retalhos como presente de casamento e, enquanto isso, elas vão contando a Finn suas histórias de vida, numa trama emocionante e rica de experiências.  O resultado dessas conversas é uma colcha que é composta por representações da vida de cada uma dessas mulheres.  Neste filme, são detectadas as características da pesquisa explicativa, uma vez que a protagonista escuta as experiências de vida, colhendo impressões e analisando-as.  A escuta de casos permeia todo o filme.  Além disso, caracteriza-se por configurar uma pesquisa qualitativa, pois não faz menção a variáveis quantitativas.  O método aqui encontrado é o qualitativo, relacionando o mundo real com o sujeito.
O filme Baile Perfumado conta a interessante história de Lampião e seu bando.  Beirando o documentário, o filme retrata a vida de Lampião em interação com seu bando, em seu dia-a-dia, registrado por Duda Mamberti (Benjamim Abbrahão), que decide filmar Lampião com o sonho de ficar rico.  No filme, numa pesquisa etnográfica, sem fazer qualquer interferência ou manipulação, o personagem Abrahão sistematicamente e imparcialmente faz anotações ao ouvir depoimentos das pessoas envolvidas naquele grupo, observa o bando no seu dia-a-dia, bate fotos e faz filmagens, caracterizando, assim, a pesquisa descritiva.  O método utilizado neste tipo de pesquisa é o etnográfico, pois os agentes daquela comunidade são observados em interação, no local vivido pelo bando de cangaceiros.  Muito interessante de assistir, uma vez que, em algumas partes do filme, vêem-se imagens reais de Lampião e de seu bando, as quais são as únicas de que se tem notícia até hoje.
O terceiro filme, O Óleo de Lorenzo, conta a história incrivelmente sofrida do menino Lorenzo e a busca desesperada de seus pais pela cura da doença rara que acomete seu filho.  No filme, o pai e a mãe de Lorenzo, interpretados por Nick Nolte e Susan Sarandon, inconformados com a falta de opções que a Medicina tradicional oferece, buscam informações através de pesquisa bibliográfica sobre a doença.  Também procuram escutar casos de outras crianças que foram também acometidos por ela, procurando dessa forma entender as causas da doença e suas razões. A partir disso, tentam interpretar os fenômenos estudados, manipulando e controlando as variáveis envolvidas, caracterizando, assim, uma mescla de pesquisa explicativa e exploratória, mas predominantemente explicativa.  Este método de pesquisa corresponde ao método experimental, pois a experiência é montada de acordo com a necessidade da descoberta, e as variáveis vão sendo manipuladas a partir do surgimento de novas descobertas.
Mesmo apresentando uma produção modesta, o filme Cidade sem Passado relata a luta incrivelmente persistente de Lena Stolz (Sonia Rosenberger) em desvendar a verdade que está por trás do passado de sua cidade durante o III Reich.  Mesmo diante de graves ameaças, Sonia sai em busca da verdade consultando arquivos nunca antes pesquisados, pesquisando jornais e documentos antigos, ouvindo pessoas mais velhas que viveram no período histórico do nazismo, e termina por descobrir que sua comunidade é essencialmente hipócrita, em especial a Igreja e o Estado.  Dessa forma, podemos detectar neste filme a pesquisa exploratória, baseada em entrevistas não padronizadas e levantamento documental.  O método utilizado aqui é o método histórico, pois Sonia vai buscar, nos dados do passado, explicações para os eventos do presente.
Dessa forma, a proposta de se assistir a filmes cinematográficos a fim de ilustrar os tipos de pesquisa científica é válida e bem-vinda, uma vez que os alunos assimilam de uma forma lúdica os diferentes níveis de pesquisa.  Além disso, tal proposta exemplifica de uma forma clara que pesquisas podem ser feitas por qualquer pessoa, no cotidiano mesmo, desmitificando a ciência, com o objetivo de resolver problemas individuais ou coletivos ou até mesmo com o objetivo de se obter um conhecimento mais elaborado da realidade.  Dessa forma, esta proposta conscientiza os alunos da Academia de que não cabem pesquisas científicas apenas a um “cientista louco” ou a um gênio intelectual em seus laboratórios herméticos, como geralmente se imagina.      




Gilvania Candeia, 11.10.2010
Gilvania do Monte
Enviado por Gilvania do Monte em 15/01/2011
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