Gilvania do Monte
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Fazendo as malas...




Caros amigos, este texto foi publicado no dia 05.11.2010 aqui no Recanto das Letras.



Hoje eu estou fazendo as malas. Estou me preparando para um novo ciclo da minha vida: estou fazendo 42 anos.  Nesses 42 anos aprendi que é bobagem sentir medo. Muitas vezes por causa do medo sofremos muito mais, evitando os fatos temíveis. O medo nos trava, não nos deixa sonhar, não nos deixa progredir, não nos deixa viver. O sofrimento e suas cicatrizes fatalmente virão, com ou sem medo. Bobagem ter medo de sofrer.
Tirei minha CNH no ano de 1999, mas enfrentar o trânsito mesmo eu só comecei no ano de 2010. Nesses onze anos sem dirigir eu comi o pão que o diabo amassou: esperava na parada às vezes mais de meia hora por um ônibus, sofria um aperto danado naquelas latas de sardinha, chegava muitas vezes atrasada aos compromissos, não dava conta das minhas coisas, (e o carro na garagem) tudo por causa do medo de dirigir. 
Este ano de 2010 foi realmente glorioso. Foi um ano muito bom pra mim, uma vez que me libertei desse medo bobo em janeiro deste ano. Pasmem, aos 41 anos perdi o medo.  
Outro fato muito importante deste ano foi a descoberta de que eu gosto de escrever. Jamais me imaginei escrevendo. Eu imaginava que escrever era coisa de grandes escritores, como Manuel Bandeira (que eu amo de paixão) e José Saramago. Eu descobri que qualquer um pode escrever, em qualquer idade (inclusive eu ouvi dizer que Saramago começou já bem tarde). Eu me sinto realizada escrevendo, quem diria? Devo a descoberta desse site, do Recanto das Letras, ao meu professor Jeová, que me indicou e também a minha fome de conhecimento, pois após 13 anos de inércia voltei a estudar. E graças a essa minha fome de conhecimento eu descobri essa vontade louca de escrever. Em contrapartida, como dizem que tudo na vida tem um preço, perdi o marido, posto que ele não aceitou a minha volta aos estudos. Ele me disse que eu estava ficando velha pra isso. Ainda tentei lhe mostrar algumas coisas que escrevi, mas ele nunca quis ler. Fazer o quê?
O interessante nisso tudo é que eu não acreditei na sua afirmativa de que eu estava ficando velha (ainda bem, né?), pois eu me sinto jovem... Sinto que posso aprender muita coisa ainda, mesmo aos 42 anos, e que posso contribuir também. Aliás, sinto que estou pronta para as possibilidades que a vida pode e quer me oferecer. E é com essa disposição e essa vontade que faço as malas para os 42 anos, pronta para essa nova viagem, para novas descobertas e para sonhar cada vez mais alto, acreditando que vai haver muitas surpresas agradáveis ainda. Pois a cada dia a vida é cheia de possibilidades...E sempre tentando driblar o medo.

P.S.: Ah, e meu ex-marido vivia me dizendo que dirigir não era pra todo mundo e que eu não iria conseguir....




Gilvania do Monte
Enviado por Gilvania do Monte em 04/04/2011
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